em Livro Pré 1850
Referência:
14124
Autor:
ANDRADE, José Ignácio de
Palavras chave:
China | Costumes | Ilustração | Índia | Litografia | Missões
Ano de Edição:
1847
Tomo I (e II). Na Imprensa Nacional. Lisboa. 1847. In 8º de 2 volumes com (22) - 245 - (3) e (10) - 235 - (8) págs. respectivamente. Encadernação coeva meia inglesa com elaborados ferros gravados a ouro na lombada de pele, esta com ligeiros e insignificantes defeitos acentuados no primeiro volume. Cantos do primeiro volume com ligeiro sinais de manuseamento descuidado. Miolo impecável, muito limpo com rarísimos picos de acidez.
2ª EDIÇÂO. Frei Francisco de S. Luis (Cardeal Saraiva) refere que o autor nos deu a conhecer “... os costumes, as leis, o génio e o singular caracter do grande Império da China, fazendo justiça ao espirito, e ao valor dos antigos portuguezes ...”. É de facto notável o desenvolvimento dado pelo o autor aos curiosos costumes orientais, bem como á história da presença dos portugueses por aquelas paragens. Ilustrado com doze belos retratos litográficos, de sua mulher, de Domingos António de Sequeira, de Rodrigo Ferreira da Costa e de importantes personagens chineses.
As cartas apresentam os seguintes títulos: Sahida de Lisboa; Ensaio da navegação em mar largo; Entrada em Calcuttá; Carta-Bade-Chasta-Brima; Das leis e sua applicação; Sacrificio das viuvas; Ordens religiosas; Decadencia do Indostão; Os lusitanos, e os inglezes na Africa, e na India; Caracter do governo inglez; Costumes dos naires; Palacio Mogol; Jardins de Calcuttá; Estado acual de Maco; Entrada, e sahida dos Jesuitas na China; Principios politicos, e moraes de Confucio, e de Meng-Tscu; Caracter, costumes, e retrato dos chinezes; População, e rendimento público; Amostra das leis chinezas; Da astronomia, e da geographia; Juizo sobre Fernão Mendes Pinto, e sobre algumas cousas vistas por elle na China; Da Medicina; Do espaço e do tempo; Da materia, e suas propriedades; Do movimento; Systema planetario; Effeitos da lua; Liberdade civil dos chineses; Costumes na mesa; Festividade chineza; Agricultura; Cultura, fabrico, e virtudes do chá; Juizo sobre a poesia, extrahido do Cou-King; Canção do Philosopho Lean; Da pintura; Do suicidio; Ilha de Santa Helena; Estado de Portugal; entre muitos outros.
Segundo Manuela Delgado Leão ramos, esta obra de Ignácio de Andrade, que, como convidado ilustrado, percorre a China dos anos 1815-1830 onde ouviu palestras sobre a cultura chinesa em casa dos seus amigos Chá-Amui e Saoqua (onde, aliás, também explica a “filosofia experimental” europeia), num período em que a imagem da China sofre em Portugal o mesmo processo que no resto da Europa: a passagem de uma sinofilia a uma sinofobia. Esta mudança reflecte, nas suas particularidades, os moinhos de vento com que se debatia o pensamento europeu, e os ventos dominantes que, mais ou menos intensamente, chegavam cá também para moer a ‘farinha’ nacional .
José Inácio de Andrade nasceu nos Açores em 1780 e morreu em Lisboa, em 1863. Como oficial da Armada empreendeu várias viagens à Índia e à China. Foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Lisboa e figura destacada das letras portuguesas da época, deixando vasta obra.