em Literatura Portuguesa
Referência:
15440
Autor:
GOMES, Soeiro Pereira
Palavras chave:
Bibliofilia | Censura | Contos | Primeiras edições | Proibido pela PIDE | Raro
Ano de Edição:
1957
In-8º de 22 págs. Brochado. Capas de brochura com ligeira acidez junto à lombada, miolo em excelente estado, muito limpo, sem o foxing típico neste tipo de papel, quando ocorre, é de forma ténue, apenas na capa de brochura anterior. Sem defeitos de ordem física assinalar (exemplares houvera que passaram por nossas mãos, apresentavam um ponto de ferro - agrafo - transmitindo intensa oxidação nas suas imediações. O exemplar que se apresenta está intacto em folhas soltas e dobradas, tal como publicado e distribuído de mão em mão.
O presente exemplar não se encontra impresso no habitual (finíssimo) papel de arroz, branco, mas antes em papel encorpado e de côr creme. Apresenta-se impresso com o mesmo tipo, as mesmas dimensões de mancha gráfica, o mesmo ruído tipográfico, a mesma quebra de paginação, as mesmas vinhetas de remate, igualmente sem indicação de local de impressão e tudo absolutamente igual aos exemplares raros impressos em papel de arroz.
Cremos tratar-se de uma VARIANTE DA EDIÇÃO ORIGINAL CLANDESTINA impressa inteiramente igual aos exemplares de finíssimo papel de arroz.
Livrinho perseguido e apreendido pela Polícia Política de então. Desconhecido por alguns bibliófilos e ausente na maioria dos catálogos de primeiras edições
MUITÍSSIMO RARO.
Laureano Barros, 2623; Paulo Quintela, 301.
“Aos meus companheiros – que, na noite fascista, ateiam clarões duma alvorada” dedica o autor os três contos inseridos na publicação “Pio dos Mochos”, “Mais um Herói” e “Refúgio Perdido” contos estes que descreverem e narram episódios da vida relacionada com luta clandestina no tempo do anterior regime.
A publicação do Museu do Neo-realismo Na Esteira da Liberdade (2009) por ocasião do centenário do nascimento do escritor, luisa Duarte Santos diz-nos que o primeiro destes contos, O Pio dos Mochos (dedicado "ao camarada Duarte", pseudónimo na clandestinidade de Álvaro Cunhal), terá sido escrito em 1945, seguindo-se Refúgio Perdido em Novembro de 1948, dedicado "ao camarada João (pseudónimo clandestino de António Dias Lourenço) que inspirou este conto" e Mais um Herói, de 20 de Janeiro de 1949. A dedicatória deste último, "À memória de Ferreira Marques e de quantos, nas masmorras fascistas, foram mártires e heróis", apresenta "o nome legal e não o pseudónimo, porque o camarada já morrera (em 1941) assassinado e não era portanto necessário protegê-lo".
" ... Escrever foi para Soeiro Pereira Gomes outra forma de lutar. E ai a sua arte não se limitou a interpretar o mundo: pela beleza e profundidade dessa interpretação inscrita no tempo histórico da maxima exploração que é o fascismo, ditadura terrorista da grande capital aliado ao imperialismo, e dos latifúndios, ela contribuiu para preparar subjectivamente sempre novas gerações para a luta pelo socialismo e pelo comunismo, nos quais (e só neles) deixarão de existir os meninos dos Esteiros, expulsos da infância, os clandestinos de Contos Vermelhos, expulsos da vida comum de todos os homens, os miseros recém-proletários de Engrenagem, expulsos brutaimente de um passa-ao campones ..." (Augusta da Costa Dita, prefácio a Refúgio Perdido, Edições Avante, 1975)